Tiago Monte
Criciúma
A vacinação contra a Covid-19 está avançando em Santa Catarina. Desta forma, um grande número de pessoas já cria uma grande expectativa pela retomada da vida “normal” – como era antes da pandemia. Porém, essa volta deve demorar um pouco mais do que o esperado. “Ainda é cedo. Temos visto que, para considerar ‘imunidade estabelecida’, ou ‘imunidade de rebanho’, a gente precisa ter vacinado entre 70 e 75% da população com as duas doses da vacina. Esse estudo foi feito em Serrana (SP) com a vacina Coronavac”, explica o médico pneumologista, Renato Piucco Matos.
A chamada “imunidade de rebanho” é um conceito que representa o nível de proteção coletiva que bastaria para conter a transmissão da Covid-19. O conceito se baseia em uma condição que, quando uma porcentagem suficiente da população está imune ao vírus, cria uma barreira de proteção que protege do vírus o resto.
Sendo assim, mesmo que o governo estadual cumpra com o calendário divulgado ou até acelere a vacinação com a primeira dose, a normalidade, na rotina das pessoas, só deve ser restabelecida em 2022. “Provavelmente, com a vacinação avançando, no final do ano já se tenha alguma normalidade. Mas, mais certo em 2022 mesmo, na minha opinião”, reforça Matos.
Até lá, os cuidados básicos devem ser mantidos: uso de máscara, higienização das mãos com álcool gel, distanciamento social e evitar aglomerações. “A situação pode mudar, conforme a vacinação vai progredindo. A gente espera que acelere, mas, por enquanto, segue a preocupação e a necessidade dos cuidados já conhecidos das pessoas”, pontua o médico.
Preocupação com a cepa indiana do vírus
Conforme Matos, a preocupação dos médicos, atualmente, é com a proliferação da cepa indiana do novo coronavírus. Ela se espalha mais rapidamente do que as variantes já conhecidas. “A imunização contra essa variante tem que ser com duas doses de vacina e, além disso, ela se espalha mais rápido e a vacina tem uma eficácia um pouco menor contra ela. Desta forma, temos que tentar vacinar rápido as pessoas para que a cepa indiana não cause essa terceira onda”, destaca.
Essa cepa já foi detectada no Brasil, porém, não se sabe ao certo se já circula no Sul de Santa Catarina. “Aqui na região, a gente testa pouco para saber as cepas. Então, não tem como dizer que chegou ou não”, explica Matos.