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domingo, maio 25, 2025

A agroindústria e o seu importante papel econômico

Municípios da Região Carbonífera aram a ter, desde 2021, um forte aliado neste sentindo com a conquista do certificado de equivalência ao Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Sisbi)

Criciúma/Treviso/Içara
Alexandra Cavaler
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A agroindústria desempenha um papel fundamental na economia, contribuindo significativamente para o Produto Interno Bruto (PIB) do país. Essa modalidade não apenas gera empregos e renda, mas também contribui para a segurança alimentar, a exportação de produtos agrícolas e o desenvolvimento de tecnologias e práticas sustentáveis. Além disso, a agroindústria é essencial para o fornecimento de alimentos de qualidade para a população, tanto no mercado interno quanto externo.

É importante reconhecer o papel crucial da agroindústria na economia, pois ela impulsiona o crescimento econômico, promove a inovação e sustenta muitas comunidades rurais. Neste contexto, a agroindústria da Região Carbonífera recebeu, em novembro de 2021, o certificado de equivalência ao Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Sisbi), por meio do Consórcio Intermunicipal Multifinalitário da Associação dos Municípios da Região Carbonífera (Cim-Amrec).

MERCADO

Ailson Piva, coordenador do Movimento Econômico da Amrec, fala da importância do Sisbi no contexto econômico e de segurança alimentar, pois o selo possibilita que as empresas certificadas possam comercializar seus produtos em todo o país. “A importância do Sisbi é fundamental para a região, pois isso consegue dar condição para as agroindústrias, para os pequenos produtores, para as pequenas empresas conseguirem vender para qualquer lugar do Brasil. E a empresa ainda tem o benefício de a fiscalização sair a custo quase zero, então assim, ela tem uma fiscalização rigorosa porque o selo tem uma série de parâmetros nacional que é obrigado a fiscalizar, ou seja, são exigências as quais a empresa tem que estar inserida. E no caso da Amrec essa fiscalização é custeada pelos municípios, via consórcio. O que facilita bastante, porque a indústria tem uma fiscalização grande com um custo barato, até porque quase todo o processo é subsidiado pelo próprio Sisbi”, explicou.

Ortolan Peixes e Frutos do Mar, de Içara, já conquistou o Sisbi – Foto: Nilton Alves/TN

Competitividade igualada e avanço aos produtores

O selo ainda permite que produtores do interior possam competir com grandes empresas, e ainda, de acordo com Piva, fomentam a venda no mercado brasileiro. “Nesse sentido você consegue, por exemplo, fazer com que um produtor de queijo lá do interior consiga competir com um grande produtor de queijo que paga uma fiscalização com maior custo ou particular. E essa é a função do Sisbi. É você fomentar, você ajudar e você permitir que as pequenas indústrias, os produtores individuais, aqueles produtores que têm a agroindústria na sua propriedade ou as pequenas indústrias consigam ser competitivas e consigam vender seus produtos de uma forma mais fácil e ágil em qualquer mercado do Brasil. Desta forma, todos ganham, inclusive o município e a região porque aumentando o valor adicionado da indústria, ou do comércio, ou da agricultura é possível obter ICMS maior, ou seja, um retorno de ICMS maior. Então, para o município é muito importante, porque você, possibilitando que a empresa do seu município cresça você vai ter uma arrecadação maior”, ressaltou.

EMPREENDEDORISMO

Ainda conforme o coordenador do Movimento Econômico da Amrec, o selo também consegue tornar as empresas mais competitivas. “Essa competitividade evita, por exemplo, que as empresas saiam da nossa região. Assim, para falar sobre a importância do Sisbi teríamos que citar muitas coisas, mas podemos elencar três: uma é a abertura de mercados; a segunda coisa é a fomentação a pequenas agroindústrias; e a terceira seria a competitividade, pois obtendo o Selo Sisbi o mercado, a nossa região pode atrair outras agroindústrias ou outros produtores que, porventura, queiram se instalar aqui e fabricar esses produtos. Então, seria uma forma de você atrair outros empreendedores para nossa região, para que eles também possam produzir. E se você não tiver o selo, ao contrário, você perde a sua competitividade econômica porque provavelmente as indústrias sairão da região para buscar uma região que tenha o Sisbi para ela ser atendida de forma mais barata e efetiva”, destacou Piva, acrescentando que isso ainda permite que o produtor tenha outras atividades, outras fontes de renda e, com isso, o produtor se mantém no campo com uma renda boa. “Isso acho que seria o mais importante de tudo”.

Certificada, empresa já percebe vendas ampliadas

Fernando Salvan, proprietário da Trutas do Chef de Treviso, conta atualmente com 12 colaboradores e conta que a empresa iniciou como familiar com o intuito de criar tilápias, o que não deu certo devido a temperatura fria da água. “Então fui em busca de outro tipo de peixe e acabei pensando na truta que é típica da região serrana de onde vem nossa água. Ao longo do tempo fomos ampliando com a ajuda da minha esposa Aparecida Feltrin Salvan e meus sócios Ana de Fátima Feltrin e seu marido Ademar Pereira, os dois são tios da minha esposa e padrinhos da nossa filha, Sophie de 6 anos”, contou o dono da empresa que já conquistou o Sisbi há pouco mais de dois anos.

SOLIDIFICAÇÃO

Questionado sobre a importância do selo para a solidificação dos negócios, Fernando conta que isso aumentou a credibilidade do negócio perante o mercado nacional por ser um selo reconhecido. Ele ainda ressalta a expansão econômica. “A truta é um peixe não muito conhecido em nossa região, o que dificultava a venda quando tínhamos apenas o SIM. Hoje, com o Sisbi, conseguimos participar de licitações ,vendemos para grandes mercados e restaurantes com filiais e franquias fora do estado e distribuidoras de grande porte. Atualmente a Trutas do Chef vende seu produto para todo o Brasil, pois a maioria das grandes empresas optam por produtos que possam ser comercializados fora do estado, já que tem filiais em outras regiões do país, padronizando os mesmos em seus centros de distribuição”, explicou.

Trutas do Chefe, de Treviso, conta atualmente com 12 colaboradores – Foto: Nilton Alves/TN

TRUTAS DO CHEF

Trutas do Chef iniciou apenas com criação e hoje industrializa a truta de várias formas: desde filé sem espinha até a truta eviscerada e defumada; conta com uma safra anual média de 250 mil trutas. O frigorífico foi ampliado a pouco e, segundo o proprietário há a intenção de aumentar ainda mais. “Estamos buscando parcerias com produtores de truta da região serrana que trabalham com o mesmo protocolo de criação que trabalhamos e inclusive estamos aumentando a criação também tendo uma previsão para triplicarmos nossos tanques devido à crescente demanda”, concluiu.

Inúmeros pratos são criados através dos produtos oferecidos – Foto: Trutas do Chef/Divulgação

Empresas certificadas: “selo ajuda a quebrar fronteiras”

Por meio do Sisbi as empresas precisam seguir uma padronização dos produtos, com rigoroso controle de qualidade e, assim, agregando valor ao que é produzido e comercializado dentro e fora da região

Com apenas dois colaboradores, o casal de proprietários (Fabiano e Simone Bortolatto), e com a ajuda das filhas Thuany e Antonela nas horas vagas, Ovos Nany, de Içara, está no mercado desde 2003. O casal conta que a conquista do selo foi um importante o à empresa, pois lhes permitiu sair dos municípios da Região Carbonífera, chegando ao mercado de Tubarão à Sombrio, com a possibilidade de entrar na capital catarinense por meio da Ceasa.

“Também já tive propostas do pessoal do Rio Grande do Sul, mas hoje não tenho produção para atender toda essa demanda. Além da expansão do mercado de comercialização, essa certificação nos dará uma agregação de valor, pois é um produto com selo de inspeção nacional, o que traz uma confiabilidade para quem compra”, pontuou Fernando, revelando: “A nossa agroindústria sempre recebeu visitas acompanhadas da Epagri, que foi uma parceira nessa conquista, e traz também pessoas para ver um empreendimento que está em ampliação, está funcionando de acordo com as normas, para que eles também possam estar procurando entrar no consórcio. Para isso também estamos sempre de porta aberta, pois acreditamos que é uma forma de incentivar o crescimento das agroindústrias, não só de ovos, de todos os setores alimentícios, para estar ampliando o mercado e fornecendo produtos de qualidade para a nossa população”, enfatizou.

Ovos Nany deve chegar ao mercado da capital catarinense em breve – Foto: Nilton Alves/TN

Concorrência desleal

Incluindo o dono da empresa, Wagner Ortolan, a Ortolan Peixes e Frutos do Mar, também de Içara, conta com cinco colaboradores e está a sete anos no mercado. O negócio iniciou com Wagner pescando e vendendo os peixes e depois ganhou a esposa Roselaine como sócia. Ele conta que o Sisbi foi conquistado em março de 2023. “O Sisbi quebra fronteiras. Com ele você consegue levar seu produto para fora da região. Além disso, é uma certificação sanitária mais rígida, e através dele é possível mostrar que os produtos seguem padronização e rigoroso controle de qualidade, agregando valor ao mesmo”.

A empresa conta com um diferencial na política de produção, onde os produtos são embalados a vácuo, sem glaciamento (sem água) nos peixes e camarões. “Isso agrega valor, mas nem todos estão dispostos a comprar um produto mais caro, e talvez isso faça com que muitas empresas busquem sim o Sisbi, mas com outra forma de produção, com o glaciamento, assim conseguem baratear o produto. Mas por fim quem paga é o consumidor final, que muitas das vezes escolhe o mais barato, mas está comprando de 20 a 30% de água junto do produto”, explicou.

EXPANSÃO

Sobre a expansão econômica, Ortolan revela que ainda não é tão significa quanto à geográfica. “Expansão econômica talvez não muita, ainda existe muita concorrência desleal e ilegal, e isso acaba atrapalhando quem busca fazer o correto. Geográfica sim, pois conseguimos clientes fora da região. E pensamos também em utilizar um e-commerce ou linha de franquias para atingirmos realmente quem quer qualidade”, finalizou, Ortolan.

CONFIRA A PROGRAMAÇÃO:

Sobre o Sisbi

O Sistema Brasileiro de Inspeção de produtos de origem animal – Sisbi/POA, une as diferentes esferas do serviço de inspeção (municipal, estadual e federal). De forma padronizada, o serviço aderido pode comercializar além da sua esfera de inspeção, ampliando o seu comércio para o Brasil todo.

Quem pode obter?

Apenas podem obter o Sisbi as empresas vinculadas aos serviços aderidos, por exemplo, o Cim-Amrec que está desde 2021, com escopo para ovos, pescado e unidade de beneficiamento de carne e produtos cárneos. Hoje os estabelecimentos de inspeção municipal localizados no âmbito do Cim-Amrec, com mais de três meses abertos, podem estar solicitando ao serviço de inspeção municipal a auditoria para adesão ao Sisbi.

Como fazer para conseguir?

O primeiro o é possuir o registro em alguma esfera de inspeção, ter o registro em algum serviço de inspeção municipal vinculado ao consórcio; possuir no mínimo três meses de documentos auditáveis; solicitar ao SIM via ofício, o requerimento de auditoria para adesão ao Sisbi. Depois disso o Cim-Amrec convocará dois veterinários do comitê de inspeção industrial e sanitária para participar da auditoria.

Após adesão, irá receber auditorias de monitoramento, a fim de verificar se continua seguindo os padrões exigido.

Fonte: Bruna Correa Viel – Gerente de Inspeção CIM-Amrec

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